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Em 1983, neste mesmo dia, 20 de janeiro, o Brasil e o mundo noticiavam a morte do ex-jogador de futebol Mané Garrincha. Exatos 39 anos depois, Elza Soares morre em casa, aos 91 anos, de causas naturais. Os dois foram casados e tiveram um relacionamento por cerca de 20 anos. Neste período, muita polêmica marcou o casamento dos astros.
O romance de Elza e Garrincha começou em 1962, quando ele ainda era casado com outra mulher. Por muito tempo a cantora foi perseguida, acusada de ter sido a amante que arruinou o antigo matrimônio do astro do futebol. Todas as críticas inspiraram Elza a escrever a canção “Eu sou a outra”, em que fala sobre o período em que eles viveram um amor clandestino. “Quem me condena, como se condena uma mulher perdida, só me vê na vida dele, mas não vê na minha vida”, cantou a sambista.
Em 1966, os apaixonados oficializaram a união, depois de Garrincha se separar da ex-mulher. Enquanto casados, o casal passou por altos e baixos. Durante a ditadura militar, Elza foi perseguida e os dois tiveram que deixar o Brasil após a casa em que moravam, no Rio de Janeiro, ter sido metralhada. Eles fugiram e foram exilados na Itália, onde passaram uma temporada.
Alcoolismo e agressões
Com longo histórico de alcoolismo, Garrincha tinha fama de beberrão antes mesmo de engatar o relacionamento com Elza. Inclusive, esteve envolvido em inúmeros acidentes de trânsito por dirigir embriagado. Um desses acidentes resultou na morte da mãe de Elza Soares, em 1969, quando Mané dirigia bêbado e bateu o carro na traseira de um caminhão.
Entretanto, com a aposentadoria dos campos, o atleta se afundou ainda mais nas bebidas alcoólicas e passou a agredir fisicamente Elza, que apesar de em uma ocasião ter chegado a ficar com dentes quebrados, não denunciou o caso.
Esses episódios de agressões que sofreu tanto de Garrincha quanto do outro marido que teve quando tinha 12 anos, resultaram na música “Maria da Vila Matilde”. Na canção, Elza abre o coração sobre a violência doméstica. “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”, cantou a voz do milênio.
Após diversos casos de agressões físicas e verbais, traições e crises de ciúmes por parte de Garrincha, Elza decidiu se separar. O casamento chegou ao fim depois de 16 anos. No processo de divórcio, Elza abriu mão de ajuda financeira e a única exigência foi a guarda do filho, que conseguiu após briga judicial.
Fruto do amor louco
Do amor entre Elza e Garrincha, nasceu, em 1977, Manuel Garrincha dos Santos Júnior. A criança logo ficou conhecida como Garrinchinha, mas teve uma vida breve.
Em 1986, aos 9 anos, três anos depois da morte do pai, Garrinchinha morreu em um acidente de carro. Na biografia autorizada de Elza Soares, escrita pelo jornalista Zeca Camargo, a artista admite que esse foi o momento mais difícil da vida dela.
No livro, Zeca diz que um dos momentos mais difíceis das conversas para o livro foi quando Elza narrou a morte do único filho que teve com Garrincha. “Ali, ela foi pro fundo do poço”, lembrou Camargo.
Apesar do relacionamento conturbado e de todo sofrimento, Elza nunca se acanhou em dizer que Garrincha foi o verdadeiro amor dela. O amor de sua vida.
Fonte: Aline Brito, do Correio Braziliense
Foto de capa: Divulgação